A intenção do projeto do arquiteto Felipe Grallert para a Escola Agrícola é melhorar a história do lugar , chamado Antilhue, antiga estação de trem, localizada na cidade Los Lagos. O projeto pretende dar valor à área da estação como um grande espaço publico e criar um caminho ao longo dos trilhos da ferrovia. O trabalho adicionaria história e identidade cultural ao lugar, através de um elemento urbano capaz de melhorar as características rurais. Este poderia, então, traduzir em uma ação concreta, um elemento capaz de educar e trazer novas oportunidades baseadas em suas próprias raízes, o lugar vernacular e singular.
HISTÓRIA
Antilhue foi uma estação de trem, na cidade de Los Lagos, na província de Valdivia. A XIV De Los Ríos Region foi construída simultaneamente com a ferrovia de Valdivia à Osorno, e depois integrada à Estrada de Ferro Central. É a cabeça do ramo Antilhue-Valdivia. A estação faz parte do programa de investimento Pera Antilhue, e também integrante da Companhia Rede Sul das Ferrovias Estaduais. Operou até 1992. Com o encerramento das atividades das estradas de ferro, a cidade passou ao descaso, já que a estação era o maior polo de turismo e econômico de Antilhue.
Desde então, a estação tem sido visitada por turistas graças ao trem de turismo El Valdiviano, mas apesar disso a cidade tem como foco de sua economia a agricultura e o cultivo de flores e grãos para a exportação.
Propõe-se, então, aumentar a história do lugar. Valorizar a área da estação como uma praça pública, e criar um caminho ao longo dos trilhos. Considerar a história e a identidade cultural da cidade através de um elemento urbano capaz de realçar as características rurais e traduzir em uma ação concreta. Um elemento capaz de educar e trazer novas oportunidades, baseado em suas raízes.
CONTEXTO
Dado o relativo isolamento decorrente da falta de atividade comercial e industrial na área, juntamente com as conexões de pouco tráfico, determinaram um modo econômico arcaico baseado no auto cultivo e auto sustento. Uma série de jardins interconectados, entre os blocos principais da cidade, cria uma forte rede entre a moradia e a terra.
A primeira das três maiores questões é o exagerado êxodo urbano de jovens buscando empregos e oportunidade, devido ao pequeno desenvolvimento comercial e baixa infraestrutura industrial. Este tema tem gerado uma falta de sentimento de pertencimento das gerações futuras quanto à identidade e cultura de seu povo, aumentando cada vez mais a distância entre o trabalho da terra e o conceito de sustentabilidade herdado de geração em geração.
O segundo problema é a ausência de uma estrutura educacional, destruída por um incêndio. A escola primaria que dava abrigo a educação de 250 crianças foi vitima do fogo, a mais de 4 anos, que deixou a escola completamente destruída e que, atualmente, está em um galpão temporário.
Já o terceiro problema decorre da enorme falta de valorização da terra e da identidade cultural. As novas gerações não percebem o valor da cultura do cultivo, e nem da particular configuração da cidade de Antilhue à beira do rio. Os jovens negam seu passado ligado ao campo e ao rio, e não olham para a cidade como um modelo a seguir. A cultura rural está sendo perdida em poderoso colapso social.
PROBLEMA
Todos esses fatores juntos resultam em um problema comum: perda da identidade, e sua eventual morte sem uma intervenção social que mudaria toda uma mentalidade, que começaria com um novo entendimento da vida rural, não ditado pela recorrente força social urbana.
CIDADE
A cidade é entendida como uma série de sistemas interconectados e interdependentes com alguns marcos que afetam a circulação e macro-relações. Há também desconexões urbanas, entre elas o retorno da do trem, um elemento urbano que uma vez deu vida à cidade, com a ferrovia entre o sul e Santiago.
De uma perspectiva urbana, a cidade é considerada fragmentada, com quatro áreas desconectadas. O projeto, então, propõe resolver esse problema urbano e seus desligamentos, bem como as linhas ferroviárias urbanas.
A proposta urbana tem como objetivo criar uma cidade agradável, capaz de ser viajada de ponta a ponta, promovendo um ambiente saudável e amigável; através de parques e áreas de recreação, transformando um elemento, antes negativo (a linha de trem e a sua atitude segregadora), em uma ação urbana em desenvolvimento e em um elemento que gera um novo sistema de parques e relações.
PROPOSTA
Nós propomos uma fazenda escola, ligada aos negócios da terra, incorporados a um ambiente urbano determinado por uma cidade verde. Essa escola procura cativar as crianças de Antilhue, assim como de cidades vizinhas, já mencionadas, expressando um entendimento dos elementos circundantes. Procurando uma vida saudável e natural, tudo emoldurado de uma forma a torna-la sustentável, a idéia é buscar um conceito em que esses jovens serão amanhã pessoas, que ao invés de não poderem abandonar a cidade, possam construir a urbanidade em suas cidades.
OBJETIVO GERAL
Valorizar e resgatar a historia da cidade, identidade e cultura através de um elemento urbano que realce a cidade em si, e eduque novas gerações.
OBJETIVOS ESPECIFICOS
Aumentar a consciência rural da comunidade de Antilhue.
Melhorar a identidade dos habitantes como um mecanismo de ligação entre gerações.
Resgatar a historia da cidade, através de seu passado rural.
Criar uma economia forte baseada no trabalho com o jardim, o terreno e o rio.
EDUCAÇÃO
A maioria da população educacional chilena vive em áreas rurais. Os dados estaduais atuais a cerca da educação rural no país inclui altas taxas de analfabetismo, baixos níveis de escolaridade e altos índices de evasão escolar. Além disso, os estudos mostram um ingresso tardio nas escolas, e uma entrada no mercado profissional sem qualificações ou competências dignas.
O serviço de educação rural necessita oferecer oportunidade para superar as mudanças econômicas, especialmente nos sistemas de produção. Sob esta idéia, propomos um sistema de educação pioneiro no Chile, baseado em novas propostas educacionais. Será concebida por uma estratégia regional especifica de desenvolvimento que ofereça mecanismos educacionais inovadores a fim de complementar o desenvolvimento rural e a qualidade da educação, considerando uma interdisciplinaridade de acordo com as necessidades da região. Propomos, então, um modelo de educação flexível. A prioridade é dar atenção à população rural dispersa, grupos étnicos, população indígena, e habitantes da margem do rio, que estão em situação de risco e são altamente analfabetos.
Modelos adaptados são propostos para a prestação de serviços educacionais relevantes e diferenciados destinados a um grupo com um contexto especifico. Os modelos tem sua base conceitual nas características e necessidades expressadas pela população, procurando servir e confiar na tecnologia e materiais educacionais próprios.